
Relacionamentos abertos, poliamor, poligamia, relações livres… A monogamia já não é – e há algum tempo – a única maneira de se relacionar amorosamente, e digo isso de maneira pessoal: ainda bem!
Dessa vez a nossa conversa, BIloved, vai ser sobre esses assuntos do coração. Mas calma! Nem de longe é minha intenção vir propagar a palavra da não-monogamia, mas sim, causar a reflexão de que é possível ter um modelo de relacionamento que não o monogâmico, mas é claro, se você quiser. A questão aqui é entender que o mais importante nesse processo é ter a liberdade de escolha.
Então, vamos juntes!
Monogamia: uma regra histórica?
O primeiro passo dessa caminhada é acertarmos os ponteiros do que se classifica como monogamia, né?!
A monogamia é a maneira de se relacionar tendo apenas um parceire amorosa e sexualmente.
Muitas pessoas pensam que esta é a única forma de relacionamento e que sempre foi assim. Porém, muitos estudos hoje mostram que a monogamia nasceu de uma necessidade de se saber quem era o progenitor da prole, uma vez que os filhos precisavam de cuidados específicos que demandavam e demandam tempo e esforço.
A visão do sexólogo espanhol Manuel Lucas Matheu corrobora com essas teorias. O membro da Academia Internacional de Sexologia Médica argumenta que os seres humanos não são biologicamente predispostos à monogamia e que relacionamentos monogâmicos surgiram pela necessidade de riquezas que envolvem criar a prole – não só as ligadas ao capital.
Entendendo a não-monogamia
A não-monogamia corresponde a todas aquelas maneiras de se relacionar que não exigem apenas um parceire sexual ou amoroso.
As relações não-monogâmicas são muitas: relacionamento aberto, poliamor (hierárquico e não-hierárquico), poligamia, amor livre e tantas outras.
Com tantas possibilidades que existem em relacionamentos não exclusivos, é muito necessário que as pessoas envolvidas no processo tenham abertura de diálogo e que tenham as expectativas alinhadas quanto ao que significa aquela construção, se existem acordos, quais são eles e quaisquer outros detalhes que sejam importantes para os indivíduos se sentirem confortáveis.
Existe traição em relacionamentos não-monogâmicos?
Depende. Assim como em qualquer outro tipo de relacionamento, as traições são classificadas como ações que estão fora daquilo que foi combinado entre as pessoas envolvidas.
Existem relacionamentos não-monogâmicos onde a liberdade sexual é a chave, porém não se pode ter envolvimento emocional com terceiros. Outros relacionamentos se pode ter também o envolvimento emocional. Não existem regras pré-concebidas, o diálogo entre as pessoas é que estabelece o que é e o que não é traição – mas é claro, também é possível definir que não existe a concepção de traição, o que é chamado de relações livres ou anarquia relacional.
Mas e o ciúme?
Quando falamos em relacionamentos não-monogâmicos é muito importante tomar o cuidado para não reproduzir falas como “ciúme não existe”, porque sim, ele existe. Algumas pessoas o sentem, outras não. Ele pode estar presente em alguns relacionamentos monogâmicos e em outros não. Pode existir em relacionamentos alguns não-monogâmicos e em outros não. Depende. Mas não quer dizer que ele não exista.
Se você é do time de cá e às vezes sente um ciuminho, deixa eu te contar: relacionamentos não-monogâmicos também podem funcionar para você. Tudo depende, sempre, de se é o que você quer ou não.
Quando o ciúme representa um desafio, ele será um desafio em qualquer tipo de relacionamento e vai da sua liberdade querer lidar com isso nessa ou naquela forma de se relacionar.
A chave é tua liberdade
Sim, pode ser que o relacionamento aberto seja para você, ou o poliamor, ou o amor livre, ou algum outro. Ou não. Pode ser que o seu campo de conforto seja a monogamia mesmo, e está tudo bem.
O importante é saber o que funciona para VOCÊ e para quem está envolvido no processo.
O respeito é a lei! Respeite o que você é, o que você quer e quem as pessoas no processo são e querem.
Vamos lembrar algo importante: não adianta saber o que você quer e forçar quem está com você a se adaptar a isso. Se relacionar é ter liberdade de ser quem se é, mas também é dar a liberdade para que os outros sejam quem são. Se só estiver bom para um, não está bom para ninguém. 😉
É isso, BIloveds, se deixe ser livre para escolher o que é melhor para você, mas lembre que tem que levar em conta a liberdade de todo mundo envolvido.
Quer conversar sobre esse conteúdo ou sugerir novos temas? Deixe um comentário ou fale com a gente pelo Instagram da Parada LGBT de Londrina.
Nos vemos, BIloveds ❤

Giovana Silveira
Colunista - Coluna Biloved!?
As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional do Coletivo Movimento Construção – Parada LGBTI+ de Londrina.
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