Em um mundo que se faz deserto, temos sede de encontrar um amigo, já dizia Antoine de Saint-Exupéry, autor do livro O Pequeno Príncipe.

Diante dessa sede em encontrarmos amizades, o que você tem encontrado na sua trajetória? Quero destacar nesse texto a importância que é encontrarmos pessoas especiais diante da nossa realidade. Amigos que te ouvem, amigos que fazem rolês contigo, amigos que não te julgam por aquilo que você é, amigos que te ajudam nas situações difíceis que a vida nos apresenta, amigos que podemos dar boas risadas, amigos que são a família que a gente pode escolher. Que você ao ler esse texto, faça uma retrospectiva das pessoas especiais que passaram por você, daquelas que já se foram, daquelas que mudaram de cidade, daquelas que hoje você não vê mais e aquelas que permanecem com você. Quando eu paro e analiso a minha trajetória, uma das primeiras pessoas que vem ao meu coração é Wilton Black. Conheci Wilton Black em 2014 dentro de uma livraria que a gente trabalhava junto. Ele tinha terminado Jornalismo e um dos seus sonhos de vida era viajar o mundo, estar em novos lugares, conhecer novas histórias e culturas diferentes. Wilton tinha uma humanidade invencível: ele amava estar com as pessoas, tinha um sabor pela vida, amava os livros e era apaixonado pelas músicas da Evanescence. Wilton era gay e tinha um relacionamento sério a anos: eu amava ouvir a sua história de amor!

Ele me acolheu e me ensinou tanto sobre a vida, me mostrou valores humanos sobre o amor, o respeito com as diferenças e a empatia. Escrever um pouco sobre essa amizade é uma forma de agradecer a existência dele que já se foi. Ele faleceu estando em um dos seus lugares prediletos do mundo: o Chile.

Trago um pouco do Wilton, para pensarmos a respeito das amizades e as pessoas que passam por nós e deixam um pouco delas dentro de nós. Quem você chama de amigo?

Não sabemos quanto tempo nós temos e será que temos valorizado aquelas pessoas que fazem parte da nossa vida? Hoje eu posso dizer que sou feliz pelas amizades que tenho: amigos que me aceitam da maneira que eu sou. Mas, por muito tempo a carência me fez procurar muita gente que só se importava com aquilo que eu tinha ou com aquilo que eu poderia oferecer e assim as frustrações vieram.

Amizade sempre vai rimar com a verdade. Procure amigos que que realmente conheçam a sua verdade. Se um dia alguém deixar de falar com você, por causa da sua orientação sexual ou identidade de gênero é porque essa pessoa realmente não merecia estar na sua vida. Aqueles que nos aceitam, aqueles que nos valorizam, aqueles que nos amam e que verdadeiramente nos acolhem por aquilo que somos merecem o melhor de nós. Amigos são muitas vezes as cores que nos fazem pintar histórias extraordinárias.

Dedico esse texto a todas as amizades que me fazem ser melhor. Vamos fazer do mundo um lugar melhor, juntos!
Quando você terminar de ler: diga ou escreva algo fofo para todas as pessoas que fazem parte da sua história.

Jorge Matheus Simões

Jorge Matheus Simões

Colunista - Coluna JM

Formado em Psicologia pela Faculdade Pitágoras, faz especialização em Ensino de Sociologia pela UEL – Universidade Estadual de Londrina.  Trabalha como psicólogo clínico atendendo adultos, casais e famílias. Colunista, escritor e pesquisador em temas que envolvem a sexualidade humana e a população LGBTQI+.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional do Coletivo Movimento Construção – Parada LGBTI+ de Londrina. 

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