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As pessoas utilizam as siglas como uma forma de representação de suas opções políticas e ideológicas. Estudar conceitos, termos, siglas e definições nos permite a aproximação do significado dos mesmos para determinados grupos, na mesma medida que nos garante e apropriação de conteúdos e repertório para nos tornarmos ativos nas discussões. No caso da comunidade LGBT, compreender a construção de terminologias, siglas e afins contribui para o fortalecimento dos grupos, discussões e lutas por pautas comuns.
Até pouco tempo as pessoas utilizavam a sigla GLS ao se referir à comunidade LGBTQIAP+. Lembro que em minha adolescência, e isso não faz muito tempo, a balada era chamada de “GLS”. Quando recebíamos os flyers das festas, era exibida a sigla GLS nos materiais de divulgação. Da mesma forma, a sigla foi utilizada por muito tempo com um caráter de mercado, não era difícil encontrar “festa GLS”, “bar GLS”, “cruzeiro GLS”, entre outros segmentos de mercado que se valiam da sigla como uma forma de potencializar sua publicidade destinada a este público específico.
De forma geral, falávamos neste momento de gays, lésbicas e simpatizantes. Perceba que em apenas um parágrafo, com poucas palavras, é possível ignorar uma quantidade significativa de grupos de pessoas e reforçar a prática de dar invisibilidade aos outros. Nesta condição, caso você não seja heterossexual, você estará entre os gays, lésbicas ou os simpatizantes.
Por um longo tempo as pessoas eram identificadas dessa forma, ou seja, quem não se enquadrasse nessa sigla simplesmente não era notado. No entanto, a dinâmica da sociedade vai se alterando com o passar dos anos e as experiências humanas. As pessoas passam a se identificar e na mesma medida buscam a identificação entre os pares. Os indivíduos vão se aproximando e os grupos vão ganhando força. Fortes, passam a lutar por pautas comuns, reconhecimento, igualdade e espaço na sociedade.
Dentro da própria comunidade LGBTQIAP+ existem divergências. As opiniões e o posicionamento diante das pautas sempre são os mais variados possíveis. Quando pensamos na representação dos membros, considerando as simbologias que existem, um dos exemplos que podemos tomar é a própria bandeira do arco-íris. Ela foi utilizada pela primeira vez como símbolo de ativismo em 1978 na Parada do Dia da Liberdade Gay de São Francisco por Gilbert Baker. Baker era artista e ativista na luta pelos direitos dos homossexuais e a bandeira neste momento representava a luta e o “orgulho gay”.
Ao longo dos anos os grupos foram se fortalecendo e reivindicando espaço e visibilidade. Assim, tanto a bandeira como a sigla GLS não davam conta de representar a amplitude da pluralidade humana e suas manifestações. Como estes símbolos, diversos outros segmentos e movimentos como bares, espaços sociais, serviços e afins não representavam toda a comunidade LGBTQIAP+. Muitos dos espaços destinados à comunidade não passavam, e não passam, de espaços dominados por homens gays, mais uma vez reforçando a exclusão e a invisibilidade.
Assim, retomo o título deste texto “GLS… LGBT… LGBTQIAP+…”, e penso sobre a necessidade de aprendermos mais sobre os membros de um movimento de luta muito maior que gays, lésbicas e simpatizantes. Um movimento muito maior que lésbicas, gays, bissexuais e transexuais. Trata-se de um movimento composto por diversas identidades e com pautas, em alguma medida, comuns. Assim, ignorar, mesmo que seja por meio da sigla do movimento, é um caminho aberto para que as forças na luta comum se esvaziem.
“A linguagem é uma ferramenta muito importante para garantir os direitos […]. A linguagem confere dignidade e respeito a uma população que foi historicamente discriminada” (Thiago Amparo, advogado e professor de Direitos Humanos e Discriminação da FGV). Neste sentido, considerar os termos e siglas é uma forma de fortalecer a identidade, respeitar os grupos sociais e de garantir assegurado a amplitude dos direitos.
De forma breve, perceba o quanto podemos ignorar e inviabilizar os grupos ao desconsiderar a importância das siglas. LGBTQIAP+ vai muito além de um agrupamento de letras, pretende representar pessoas que se identificam como lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queer, assexual, pan e mais. Reduzir, neste caso, é o mesmo que deixar de dar a possibilidade do fortalecimento de identidades e invisibilizar grupos que lutam por pautas comuns.
Continuaremos falando sobre temas relacionados à Educação e a comunidade LGBTQIA+. Para encaminhar questionamentos, temas, dúvidas, críticas, elogios, sugestões e afins, escreva para [email protected]
Fascismo não é ideia, muito menos opinião para ser respeitada.
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Rodrigo Cavallarin
Colunista - Coluna Humanizar
Mestrando em Educação, possui especialização em Recursos Humanos, Gestão Escolar, Educação Infantil e Psicopedagogia. Graduado em Administração e Pedagogia. Já atuou como Educador Social junto ao serviço de proteção à crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e atualmente atua no Ensino Superior.
As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional do Coletivo Movimento Construção – Parada LGBTI+ de Londrina.
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