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O mundo parou, de repente começamos a viver cenas de ficção cientifica, como aqueles filmes de apocalipse, e aparentemente o fim do mundo começou a se tornar real. Filas gigantes em supermercados. Falta de produtos. Pessoas proibidas de sair de casa. Escolas paralisadas. Inúmeras mortes. E diante essa situação, diversas medidas estão se tornando necessárias para conter o COVID-19, também conhecido como coronavírus, que apesar de ser um pequeno vírus, pode ser fatal.
Os primeiros casos surgiram na China no final de 2019, e o país tinha controle da situação, no entanto, de repente se alastrou pelo mundo, e todos os dias começaram a surgir casos de contaminação e morte em diversos países.
E com o crescimento desse cenário, a Organização Mundial de Saúde (OMS), no dia 30 de janeiro de 2020, considerou o surto como Emergência em Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), além disso, recentemente em 11 de março de 2020, classificou a situação como pandemia devido a sua gravidade.
Frente à proporção da disseminação do vírus, algumas precauções são extremamente necessárias para prevenir o contágio, como lavar as mãos com água e sabão, ou utilizar álcool em gel e sempre cobrir o nariz e a boca ao espirrar. Assim como também evitar tocar olhos, nariz e boca sem que as mãos estejam higienizadas, não ficar em locais com aglomeração de pessoas, manter ambientes ventilados e não compartilhar objetos pessoais. Além de evitar encontros casuais, e o contato físico com outras pessoas, principalmente aquelas que não fazem parte do nosso convívio.
Esses cuidados devem ser redobrados nos casos considerado como grupo de risco, que é constituído por idosos, diabéticos, hipertensos, assim como por aqueles que possuem insuficiência renal ou respiratória, e no caso de doenças cardiovasculares, por serem mais vulneráveis e suscetíveis.
O mundo todo está buscando formas de controlar o vírus, alguns governantes tomaram medidas vistas como drásticas para salvar sua nação, enquanto isso, no Brasil o presidente que foi orientado a ficar isolado devido à possibilidade de estar contaminado, agiu de forma imprudente colocando várias pessoas em risco.
Contudo, há pessoas tendo atitudes plausíveis ao demonstrar empatia ao próximo oferecendo ajuda nas compras de supermercado e farmácia as pessoas de alto risco. Porém também observamos o comportamento egoísta de outras, ao estocarem alimentos em suas casas, comprarem em excesso produtos que previnem o contágio, não pensando no outro que também necessita buscar os cuidados necessários neste momento.
Realmente não estamos apenas falando de um vírus, mas também do comportamento de diversas pessoas que não observam a demanda do próximo, pois, de nada adianta acabar com o estoque de um supermercado e acreditar que está protegido, sendo que existem inúmeras pessoas ao nosso redor que podem ser contaminadas. É hora de demonstrar compaixão ao outro que talvez não tenha as mesmas condições que poucos possuem.
Afinal, com toda essa situação a economia foi afetada, os preços de alguns produtos se tornaram absurdos, e nem todos podem ter acesso ao básico que deveria estar disponível a população. Ter consciência das nossas atitudes e ser solidário ao próximo nos torna mais humano.
E falando nisso, já pararam para pensar na população que mora nas ruas das grandes capitais brasileiras? Será que esse público está recebendo as informações necessárias para não serem contagiados? Eles possuem condições financeiras para garantir a segurança de sua saúde? Se pensarmos em São Paulo, por exemplo, um censo realizado pela Prefeitura da cidade em 2019, apontou que existem cerca de 24.344 moradores de rua na cidade.
Todas essas vidas são importantes, mas aqui ressalto principalmente a população LGBTQIA+ que se encontra nessa conjuntura, pois, como já dito anteriormente na coluna, no caso da Suzy, muitas transexuais e travestis acabam indo morar nas ruas por não terem outras oportunidades, seja pela escassez no mercado de trabalho, levando-as a prostituição ou ao crime para sobreviver, ou também por terem que abandonar seus estudos. O mesmo acontece com aqueles que possuem uma orientação sexual distinta da norma imposta pela sociedade, que são expulsas de suas casas, sem apoio o da família.
Além disso, segundo o G1 o governo de São Paulo pediu doações de sangue, devido o estoque está acabando por conta do coronavírus, no entanto, o Ministério da Saúde e ANVISA proíbe a doação de sangue por homens que em até 12 meses tenha feito sexo com outros homens, conhecidos pela sigla HSH, o mesmo não ocorre com pessoas que praticam relações sexuais com o sexo oposto, demonstrando de forma explícita um discurso homofóbico.
Ademais, de acordo a revista Superinteressante em 2016, cerca de 18 milhões de sangue são desperdiçados anualmente por preconceito, e ainda o Ministério da Saúde alega motivos científicos, apontando a AIDS para justificar sua conduta, no entanto, os casos no Brasil se mantém estável nos últimos 10 anos.
Ainda sobre as consequências do coronavírus, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), aumentaram os casos de estresse devido o risco de contaminação, o isolamento social e o desemprego. Devemos também pensar nos casos de depressão, suicídio e os diversos transtornos mentais que se agravam perante a situação.
Por isso, a ONU desenvolveu um guia com cuidados para a saúde mental durante pandemia, com o intuito de amenizar os problemas ocasionados pelo vírus, não apenas aqueles contaminados, mas para toda a população visando conscientizar a todos o cenário que estamos vivendo. Encontre o guia completo clicando aqui!
Apesar de todos estarem sendo afetados de alguma forma pelo COVID-19, em relação à saúde mental, destaca-se a comunidade LGBTQIA+ que são mais propícios a desenvolver transtornos mentais devido o preconceito social contra sua identidade de gênero ou orientação sexual. Como podemos verificar através de uma pesquisa realizada pela Universidade de Columbia nos Estados Unidos, que constatou que a população possui cinco vezes mais chances de cometer suicídio que os sujeitos heterossexuais cisgêneros.
Diante tais informações, devemos questionar nossos comportamentos e de que maneira estamos evitando ser contagiados, e propagar o vírus para as demais pessoas em nossa sociedade.
Além de pensarmos sobre a maneira que agimos com o próximo, não apenas diante a pandemia, mas também em relação aos diversos preconceitos. Como citado pela OMS sobre a empatia com outro, discorrendo “Seja empático com todos aqueles que são afetados, dentro e provenientes de qualquer país”, podemos ampliar esse contexto, afinal não é hora de interrogarmos sexualidades, etnias, religiões e principalmente o monetário, pois apesar de vivermos em um mundo capitalista, é momento de unirmos, porque somos todos seres humanos tentando sobreviver a esse caos causado de alguma forma por nós mesmos.
ATENÇÃO: Em caso de suspeita, entre em contato com UBS mais próxima e fale com o seu médico.
Não se automedique!
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Fernando Veiga
Colunista - Coluna Gozo
Psicólogo e Sexólogo, especialista em Sexualidade Humana com ênfase em terapia e educação. Orienta seus estudos e trabalhos para as temáticas LGBTQIA+. Atua na área clínica com abordagem psicanalítica em atendimentos presencial e online. Psicólogo Social na Assistência Social do Município de Nova Fátima – PR. Trabalha com palestras direcionadas as vertentes da psicologia e sexualidade humana.
As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional do Coletivo Movimento Construção – Parada LGBTI+ de Londrina.
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